domingo, 8 de novembro de 2009

Saltar de uma montanha...


... e voar como um pássaro dá uma fantástica sensação de liberdade!

Agora percebo o fascínio de voar que levou à invenção dos aparelhos de voo que hoje temos a sorte de ter. Sempre gostei de voar (avião e balão), talvez por me lembrar da minha vitória sobre as vertigens que me assombraram até aos meus 17 anos e que me impediam, por exemplo, se subir ao sotão de casa dos meus pais.

Este medo está ultrapassado e não quero perder mais oportunidades de abrir as asas e experimentar o céu . Por isso, quando um colega me telefonou no domingo de manhã e me perguntou se eu queria experimentar pára-pente, a minha resposta foi imediata: estamos à espera de quê?

Fomos até Laveno, a 12 km de Ispra, subimos de Funivia até ao cimo do Sasso del Ferro, caminhámos 15 minutos com todo o material às costas até ao ponto de descolagem e começámos a preparar o voo.


Pelo caminho, sei que o meu colega se perguntava como é que eu não mostrava quaisquer sinais de medo, afinal era a minha primeira vez.

A resposta é simples: porque eu não estava com medo, a excitação de experimentar era tão grande que a minha mente tinha escondido todos os pensamentos sobre as coisas que podiam correr mal e tinha-se simplesmente agarrado a um: "hoje vou voar, yuupii!".


De fato vestido, luvas, óculos de sol e capacete, agarrámos o pára-pente às costas e corremos montanha abaixo até deixarmos de ter chão debaixo dos pés. E assim de repente, já estávamos no ar, sentados confortavelmente a observar as montanhas e os lagos.

A atmosfera estava estável, por cima do lago Maggiore via-se uma camada de vapor de água inerte. Ao contrário do que se possa pensar, a estabilidade não é vantajosa para voar de pára-pente, porque não há correntes quentes verticais que nos levam para cima. Naquele dia, à falta de correntes verticais, tentámos apanhar as pequenas bolsas de ar quente, voando aos círculos a cerca de 1100 m de altitude. De cada vez que nos aproximávamos de uma destas bolsas de ar, o barómetro que transportávamos dava sinal e quando entrávamos na bolsa sentíamos um puxão para cima.

Em meia-hora de voo, pus em prática todas as minhas lições de meteorologia e senti na pele o vento gélido das altitudes e a força e direcção do ar mais quente. Esta sim, é uma lição que fica para a vida.