quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

"Ski di fondo ou Ski di montagna?" Sim, existem 2 tipos de esqui...


Antes de vir para Itália, o esqui era um desporto desconhecido para mim. De onde venho não há neve e as brincadeiras que envolvem flocos brancos passaram-me ao lado na infância. Na vizinha Espanha, os resorts de esqui multiplicam-se, mas chegar lá obriga a despesas acrescidas de viagem e alojamento para as quais nunca reservei fundos.
A minha primeira experiência com o esqui foi, por ironia do destino, no continente mais seco do planeta: nas Snowy Mountains na Austrália, onde eu, já com 25 anos, me diverti a descer a pista das crianças a tarde inteira. Passaram-se 6 anos até voltar a pôr uns esquis nos pés, já em Itália, onde em menos de duas horas podemos chegar a uma pista de esqui diferente todos os fins-de-semana. São uma das maravilhas dos Alpes. Eu experimento e desço pistas com vista sobre o Monte Branco, mas é certo que não tenho talento natural para este desporto. Definitivamente o esqui não está escrito nos meus genes, ao contrário das crianças de 5 anos que deslizam a toda a velocidade e parece que me fazem caretas de gozo (sim, apetece bater-lhes!)
  
Uma das coisas que eu não sabia era da existência de outro tipo de esqui, mais popular no norte da Europa e muito diferente em técnica, equipamento e recursos necessários. O esqui de montanha (downhill) faz-nos deslizar as encostas com os pés presos a uns esquis pesados e regressar ao topo com as cadeiras rolantes ou os saca-rabos. No esqui de vale (cross-country) atravessamos terrenos nevados, incluindo algumas subidas e descidas para as quais não há cadeirinhas, com uns esquis mais estreitos e leves, apenas com a ponta do pé presa ao esqui e imitando os movimentos de caminhada.

Este fim-de-semana experimentei o cross-country. Depois de duas horas a caminhar/deslizar na neve seguindo os trilhos, umas quedas nas descidas e de atravessar a neve funda, estava exausta. É trabalho reforçado neste tipo de esqui, todo o teu corpo tem que se mexer para poderes avançar, não basta lançares-te do cume da montanha e dobrares os joelhos como no downhill (estou a simplificar, claro). No fim de contas, acho que gosto mais do cross-country; o equipamento é mais leve e mais económico, não há descidas assustadoras, não tenho tanto frio porque se está sempre em movimento e não é preciso vestir-se como o homem Michelin.
Para melhorar este cenário, só mesmo uma visita às piscinas termais perto da pista de cross-country, onde podemos meter o corpo a 35º e a cabeça de fora a 0º a apanhar com os flocos de neve, óptimo para refrescar as ideias e ao mesmo tempo relaxar os músculos.  Coisas boas que só  com frio e neve podemos apreciar.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Pizzo Faiè

Domingo de manhã. Indecisa entre render-me à preguiça do fim-de-semana e a aventura de um passeio todo-o-terreno em Valgrande. O meu corpo, com os restícios da constipação e o cansaço da semana de regresso ao trabalho, dizia-me para ficar em casa e aproveitar o abençoado repouso. A minha mente dizia-me para sair de casa, aproveitar o sol e a montanha e treinar os músculos enfraquecidos pelas férias. Venceu a mente.

O trilho, bordejado de faias e coberto de folhas secas e estaladiças, era fácil e a paisagem lindíssima. Do Pizzo (cume) viam-se os vários lagos das redondezas (Maggiore, Varese, Monate, Orta), as cidades de Laveno, Varese, Domodossola e as torres industriais de Milão, ao longe. A neve brilhava nos cumes mais altos e as folhas esvoaçavam com o vento, digno de uma cena de "American Beauty".




Gosto de montanhas. Da paisagem, dos recortes geológicos naturais, das cores, dos microclimas.  E gosto do espírito que envolve quem trepa uma montanha, da vontade universal de se deitar ao sol com poças de neve ao lado e dos momentos de partilha de chá quente do termo e de chocolate Toblerone. Coisas simples que me encheram o coração.