quarta-feira, 16 de julho de 2014

A beleza das coisas frágeis



A história começa pelo fim. O fim de uma vida. A morte da personagem “pai” desencadeia o reencontro familiar entre os irmãos e a mãe, almas separadas por mágoas, por más decisões, pela solidão e por mal-entendidos. Uma família ganesa-nigeriana emigrada nos EUA a quem faltam as raízes e a compreensão do seu próprio passado, e que, apesar de todas as tentativas da família, este passado intromete-se descaradamente nas suas vidas e nas suas escolhas.

A morte inesperada do pai obriga-os a enfrentar a fragilidade das suas próprias vidas, enquanto indivíduos e enquanto família, refletida na falta de confiança, nas doenças psicológicas, no incumprimento de expectativas e, essencialmente, na falta de comunicação entre pessoas que cresceram juntas e que, sem perceberem bem porquê, foram forçadas (ou escolheram) a abandonar-se. Até ao novo reencontro, de pessoas, de mágoas e de muitas palavras por dizer, na beleza de sentir e de pensar enquanto  ser humano. 

Taiye escreve de forma dinâmica e vívida; a história cresce a um ritmo tão intenso que quase me deixava sem fôlego, como se uma multidão me estivesse a empurrar para o fim da estrada. À medida que me agarrava ao fio condutor da história desta família e queria saber mais, os segredos eram desvendados às camadas, sem pressa, imitando o próprio ritmo incontrolável da vida humana. Uma boa companhia para os finais do dia.