À saída do aeroporto sinto o ar
frio a chegar à pele. A estação de metro está em obras,
parece estreita, velha e suja e nenhuma escada rolante funciona. Nem parece que
estamos no centro da Europa, mesmo em frente ao edifício principal da Comissão
Europeia: Schuman.
Passei o fim-de-semana em
Bruxelas, a cidade que acolhe provavelmente mais nacionalidades do que qualquer
outra no mundo. Nas ruas ouve-se falar italiano, turco, polaco, espanhol e aqui
existe também o bairro português onde se comem pastéis de nata. Esta
multiculturalidade é um dos encantos de Bruxelas, para além dos acessos fáceis aos
países limítrofes. Mas mesmo assim não me impressiona. Fria e cinzenta,
Bruxelas parece receber-nos com um esgar de desdém, como se a mistura de gentes
nos afastasse do sentimento de pertença que nos preenche quando chegamos a um
lugar acolhedor. Não, não utilizaria este adjectivo para Bruxelas. Talvez dinâmico,
frenético, transitório. Como se todos estivessem aqui de passagem.
Apesar desta minha pouca estima
por Bruxelas, agudizada pelo frio gelado, pela neve e pela desorganização dos transportes
públicos neste fim-de-semana específico, posso dizer que passei uns bons dias. Não tanto pelos monumentos que visitei, pelos “gauffres” com
chocolate que provei ou pelas cervejas belgas que bebi. Isso também foi bom,
mas o melhor foram as pessoas que me esperaram à saída daquela estação de metro escura de
Schuman e me mostraram o caminho para casa. Numa cidade com uma atmosfera distante
e desligada como esta, os amigos são a âncora que nos segura. Não interessa o
tempo que não nos vemos nem de onde vimos; o grupo de “expatriados” (no bom
sentido do termo) que se juntou em Bruxelas para jantar no Domingo, conheceu-se
inicialmente em Itália e vira-se pela última vez em Lisboa. Como o mundo parece
um lugar pequeno quando facilita os reencontros! E assim um fim-de-semana improvisado
por uma entrevista aborrecida de trabalho transforma-se num reavivar de laços
sociais, de tardes passadas à conversa, de comida caseira e de waffles com nutella partilhadas ao som de músicas de
Natal, algures na Grand Place de
Bruxelas.
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Gauffres (waffles) a sorrir para os passantes |
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Luzes de Natal na rua em frente à Bolsa |
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A fantástica iluminação dos monumentos junto à Grand Place |