sábado, 20 de setembro de 2008

Se estás a ler este post...

... significa que eu estou numa cidade de 27 milhões de habitantes, no país do sol nascente, a comer sashimi, a ver combates de sumo e a vestir-me à gueisha, nos intervalos de um congresso internacional.

Tóquio, aqui vou eu!


sexta-feira, 12 de setembro de 2008

:)

S: "Então, o que queres ser quando fores grande?"
C: "Quando for grande quero ser assim como tu..."
S: (sem palavras)

Não sei porque às vezes me desvalorizo tanto...

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Humanos quadrúpedes (The Family That Walks On All Fours)

No canal Odisseia de hoje, vi parte de um documentário impressionante; numa região remota do sul da Turquia, vive uma família de 19 pessoas - a família Ulas - a qual tem 5 membros que andam com as mãos e os pés assentes no chão, não conseguindo movimentar-se na posição bípede. Especularam-se diversas hipóteses, relacionadas essencialmente com disfunções genéticas, problemas cerebrais, retrocesso evolutivo, etc. Concerteza que o corpo destas pessoas sofreu alterações ao longo das suas vidas (algumas bastante longas) e pensa-se que está relacionado com a forma de gatinhar (há bebés que gatinham com as pernas esticadas em vez de andar de joelhos, sendo essa a posição que, já adultos, os 5 elementos assumiam). Mas houve uma opinião específica que me interessou, a qual interliga a genética (enquanto molde de tendências de comportamento) com a cultura (enquanto influência determinante na assumpção dessas tendências). Quando andavam a filmar o documentário, os autores tiveram o exército à perna, porque os turcos não queriam que as imagens captadas levassem as outras populações a considerá-los como animais. A Teoria Evolucionista de Darwin não é aceite numa cultura muçulmana devota como a deles. Descender dos primatas está fora de questão. Também por isso, por não quererem ser vistos, por pertencerem a uma cultura/religião fechada, quando as crianças não deixaram de gatinhar na altura que deviam, não foram tratadas e encaminhadas para o bipedismo. E ao fim e ao cabo, bastou arranjar um andarilho e umas barras de ferro para eles começarem a treinar e a andar erectos, com as dificuldades inerentes à sua condição de "quadrúpedes" durante muito tempo. Uma solução aparentemente tão simples escondida por detrás da cortina de ferro da religião e da cultura.

Aprender a ler com portáteis...

A notícia não é nova; o governo está empenhado em revolucionar a educação em Portugal através da oferta ou venda a baixo preço de computadores para estudantes. O objectivo é um computador por cada 2 alunos no 3º ciclo e secundário. Hoje li uma notícia que falava em 500 mil portáteis para as escolas primárias. Estas notícias correm lado a lado com as outras que falam de 40 mil professores desempregados, de falta de condições nas escolas, de insegurança, do custo do material escolar... e de outras menos divulgadas sobre famílias disfuncionais, necessidades educativas especiais, pobreza envergonhada...
No início de cada ano lectivo, penso nas consequências nefastas desta troca de prioridades... e assusto-me. Estamos a começar a "casa pelo telhado"; antes de aprenderem a ler e escrever correctamente, as crianças recebem portáteis; antes de saberem como se comportar numa sala de aula, os adolescentes recebem portáteis; antes de terem as suas necessidades mais básicas satisfeitas, os estudantes recebem portáteis.
Não sou contra as novas tecnologias, estou neste momento a utilizar o meu portátil para escrever. Gosto da internet, ainda bem que existe, mas são meios para atingir um fim. Cada coisa a seu tempo. Não começamos a andar de bicicleta antes de aprender a andar.
Há 4 anos atrás, na escola onde dei aulas, numa terra profícua em famílias pobres, com empregos precários, muitas das crianças comiam apenas na escola; quem tinha subsídio a 100% tinha direito a 3 refeições (pequeno-almoço, almoço e lanche). Nos períodos de férias, algumas dessas crianças iam para a fila da cantina, que estava fechada, na esperança de terem comida... Quem, com imensas dificuldades económicas, mas devido a algum erro burocrático não tinha direito a subsídio, passava fome. Literalmente. Um iogurte por dia, apenas. Dias a fio.
Enquanto houver fome nas escolas portuguesas, os portáteis são dispensáveis. Enquanto não houver a noção de respeito pelos outros, os portáteis não ensinam nada. Enquanto não aceitarmos que a educação é a solução para muitos problemas, o investimento será dedicado à tecnologia... para comprar portáteis.