quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Humanos quadrúpedes (The Family That Walks On All Fours)

No canal Odisseia de hoje, vi parte de um documentário impressionante; numa região remota do sul da Turquia, vive uma família de 19 pessoas - a família Ulas - a qual tem 5 membros que andam com as mãos e os pés assentes no chão, não conseguindo movimentar-se na posição bípede. Especularam-se diversas hipóteses, relacionadas essencialmente com disfunções genéticas, problemas cerebrais, retrocesso evolutivo, etc. Concerteza que o corpo destas pessoas sofreu alterações ao longo das suas vidas (algumas bastante longas) e pensa-se que está relacionado com a forma de gatinhar (há bebés que gatinham com as pernas esticadas em vez de andar de joelhos, sendo essa a posição que, já adultos, os 5 elementos assumiam). Mas houve uma opinião específica que me interessou, a qual interliga a genética (enquanto molde de tendências de comportamento) com a cultura (enquanto influência determinante na assumpção dessas tendências). Quando andavam a filmar o documentário, os autores tiveram o exército à perna, porque os turcos não queriam que as imagens captadas levassem as outras populações a considerá-los como animais. A Teoria Evolucionista de Darwin não é aceite numa cultura muçulmana devota como a deles. Descender dos primatas está fora de questão. Também por isso, por não quererem ser vistos, por pertencerem a uma cultura/religião fechada, quando as crianças não deixaram de gatinhar na altura que deviam, não foram tratadas e encaminhadas para o bipedismo. E ao fim e ao cabo, bastou arranjar um andarilho e umas barras de ferro para eles começarem a treinar e a andar erectos, com as dificuldades inerentes à sua condição de "quadrúpedes" durante muito tempo. Uma solução aparentemente tão simples escondida por detrás da cortina de ferro da religião e da cultura.

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