sábado, 19 de dezembro de 2009

Está -1º lá fora...

... e já são duas da tarde. Puxa, quem diria que eu, com genes quase tropicais (adoro calor) conseguiria sobreviver a baixas temperaturas? Esta semana tenho saído de casa às 9h da manhã com -4º e com dias solarengos... ontem, ao sair do centro por volta das 19h, estava a nevar. Em meia-hora o chão, as árvores e os carros ficaram cobertos de um manto branco e brilhante de neve fofinha. Sei que é fofinha porque não resisti a brincar um bocadinho com os cristais de gelo. Eu parecia um gnomo, coberta da cabeça aos pés, com gorro, luvas e afins e a sorrir descarada perante este espectáculo da natureza que torna tudo tão limpo e puro.
Hoje parou de nevar mas continua tudo branquinho, com estas temperaturas baixas a neve aguenta-se por uns dias. O meu carro já está apetrechado com pneus de Inverno, uma precaução recente do Norte de Itália para estas ocasiões.

E agora tenho que ir, está na altura de fazer um boneco de neve!

A estrada...

domingo, 8 de novembro de 2009

Saltar de uma montanha...


... e voar como um pássaro dá uma fantástica sensação de liberdade!

Agora percebo o fascínio de voar que levou à invenção dos aparelhos de voo que hoje temos a sorte de ter. Sempre gostei de voar (avião e balão), talvez por me lembrar da minha vitória sobre as vertigens que me assombraram até aos meus 17 anos e que me impediam, por exemplo, se subir ao sotão de casa dos meus pais.

Este medo está ultrapassado e não quero perder mais oportunidades de abrir as asas e experimentar o céu . Por isso, quando um colega me telefonou no domingo de manhã e me perguntou se eu queria experimentar pára-pente, a minha resposta foi imediata: estamos à espera de quê?

Fomos até Laveno, a 12 km de Ispra, subimos de Funivia até ao cimo do Sasso del Ferro, caminhámos 15 minutos com todo o material às costas até ao ponto de descolagem e começámos a preparar o voo.


Pelo caminho, sei que o meu colega se perguntava como é que eu não mostrava quaisquer sinais de medo, afinal era a minha primeira vez.

A resposta é simples: porque eu não estava com medo, a excitação de experimentar era tão grande que a minha mente tinha escondido todos os pensamentos sobre as coisas que podiam correr mal e tinha-se simplesmente agarrado a um: "hoje vou voar, yuupii!".


De fato vestido, luvas, óculos de sol e capacete, agarrámos o pára-pente às costas e corremos montanha abaixo até deixarmos de ter chão debaixo dos pés. E assim de repente, já estávamos no ar, sentados confortavelmente a observar as montanhas e os lagos.

A atmosfera estava estável, por cima do lago Maggiore via-se uma camada de vapor de água inerte. Ao contrário do que se possa pensar, a estabilidade não é vantajosa para voar de pára-pente, porque não há correntes quentes verticais que nos levam para cima. Naquele dia, à falta de correntes verticais, tentámos apanhar as pequenas bolsas de ar quente, voando aos círculos a cerca de 1100 m de altitude. De cada vez que nos aproximávamos de uma destas bolsas de ar, o barómetro que transportávamos dava sinal e quando entrávamos na bolsa sentíamos um puxão para cima.

Em meia-hora de voo, pus em prática todas as minhas lições de meteorologia e senti na pele o vento gélido das altitudes e a força e direcção do ar mais quente. Esta sim, é uma lição que fica para a vida.



domingo, 18 de outubro de 2009

O apelo a escalar...

... cada vez mais altos montes, diz uma canção dos meus tempos de escutismo. Só percebe este apelo quem sentiu a adrenalina que acompanha a chegada ao topo e o vislumbre da paisagem majestosa à nossa frente. Nesse momento esquece-se (pelo menos por uma hora) do cansaço das pernas, dos arranhões, dos ombros doridos de carregar a mochila, da noite mal-dormida no chão de um refúgio, do frio que ataca os ossos, da comida mal cozinhada, das bolhas nos pés... parece mau? Não. É uma sensação fantástica, isto da descoberta, não só das montanhas como da nossa força. Já tinha saudades.


terça-feira, 6 de outubro de 2009

O maior glaciar da Europa...

...situa-se nos Alpes Suiços e é património mundial da Unesco (Jungfrau-Aletsch-Bietschhorn, http://whc.unesco.org/en/list/1037).

Para chegar a Aletsch, basta apanhar o comboio de Sesto Calende (a 10 km de Ipsra) para Brig e depois um outro para Mörel, onde se apanha o teleférico de Riederalp para Moosflush. Daí até à base do glaciar é um instantinho a pé e a paisagem é de cortar a respiração. Pelo menos para mim foi, que isto de ver um glaciar é coisa importante para um geógrafo :) Mesmo que se tenha que andar uma hora para apanhar outro teleférico que, afinal, estava em obras e nos obrigou a fazer o caminho de volta. Com o glaciar ao nosso lado, claro!
A paisagem tipicamente suiça
O teleférico
O glaciar

sábado, 26 de setembro de 2009

Encantos da Puglia (leia-se Pulhia)

Alberobello

Os Trullis, casas do século XVI construídas em pedra que eram facilmente desmanteladas pelo telhado (como se o gargalo de uma garrafa se desmantelasse quando a rolha se abrisse). De cada vez que o cobrador de impostos passava, os habitantes desmanchavam (literalmente) as suas casas, evitando pagar o dízimo... acho que é a mais trabalhosa fuga aos impostos que conheço...



Locorotondo... florido e colorido


Ostuni, uma cidade ao estilo árabe

O mar Adriático

Il vuolo del'Angelo (O voo do anjo)

Imaginem que chegam a uma pequena vila no topo de uma montanha de 1000 metros de altitude. Quando lá chegam reparam na pequena vila do outro lado do vale e pensam numa forma de lá chegar rapidamente sem ter que descer e subir outra vez.


EUREKA!!

O voo do Anjo é a solução: pegam num fato-macaco, num capacete e numas cordas, caminham até à beira do precipício, deitam-se no ar agarrados por um cabo de aço, esticam as pernas e os braços e lançam-se no ar a 80km/hora!

Resultado?? 3 minutos a voar a 1000 metros de altitude, a sentir o balanço do vento.

Sem mais palavras... eu voei como um anjo (sem asas)

Confesso...

... que já tinha saudades de "blogar". Já se passaram quase 3 meses desde que publiquei o meu último post (o que vem a seguir sobre Matera foi guardado em rascunho durante umas semanas)...
Dizem que é sempre assim, no início começamos com muita vontade mas depois o tempo escoa-se entre as milhentas outras coisitas que encontramos para fazer durante um dia... no meu caso acho que foi o Verão. O sol lá fora, os banhos no lago, os passeios nos Alpes, os barbecues...
Ao contrário do que se passa em Portugal agora, aqui no norte de Itália o Outono já chegou, as temperaturas diminuiram drasticamente e os chuviscos (e trovoadas) espreitam de vez em quando. Vendo as coisas pelo lado positivo, tenho agora mais oportunidades para ficar em casa e regressar à escrita cibernáutica. Amigos, estou de volta!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Matera: a cidade "Troglodita"

Alguns chamam-lhe “a cidade Troglodita”. Não pela antiguidade, mas pelas casas-gruta escavadas nas rochas. Matera localiza-se na região de Basilicata, que ocupa uma parte do tacão da bota italiana, e é Património Mundial pela Unesco desde o início da década de 80. Os italianos fugidos à invasão dos Turcos (não me lembro em que século), encontraram neste monte calcário a possibilidade de construir as suas casas aproveitando a flexibilidade da pedra e as fissuras do sistema rochoso. Com as suas mãos e as poucas ferramentas de que dispunham construíram abrigos de paredes grossas e tecto redondo, como as grutas. A casa-de-banho era um balde com tampa cujos detritos eram posteriormente despejados no fundo do vale em frente das casas. Por esta razão, a água do rio era inconsumível e era necessário construir uma cisterna em cada casa para recolher a água da (pouca) chuva que caía na região. Doenças como a tuberculose, febre tifóide e malária proliferavam, contribuindo para uma taxa de mortalidade infantil superior a 50%. Apesar disso, as famílias eram numerosas, com uma média de 8 filhos por casal coabitando num espaço com menos de 30 m2. Dentro de casa dormiam também os animais: a indispensável mula para o transporte, a cabra para o leite, o porco para a carne e as galinhas para os ovos (estas tinham direito ao espaço debaixo da cama).



O interior de uma das casas, como era há 50 anos atrás


A cidade de Matera é dividida em duas partes: O Sasso Barisano e o Sasso Caveoso. No Sasso Barisano habitavam os artesãos e no Sasso Caveoso habitavam os pastores e agricultores. Esta diferença de actividade reflectia-se nas condições de vida: os habitantes de Sasso Caveoso eram (ainda) mais pobres do que os habitantes do Sasso Barisano e as suas casas eram (ainda) mais gruta, daí o nome derivado de “Cavia” (gruta em latim). Esta realidade parece pertencer à Idade Média. Puro engano. Há 50 anos atrás era assim que os habitantes de Matera viviam. O sul de Itália era esquecido e estava 100 anos atrasado em relação ao norte progressista. Durante a 2ª Guerra Mundial, no tempo de Mussolini, o escritor judeu Carlo Levi (que vivia em Turim, no norte) foi enviado para o exílio nesta região. As condições miseráveis e a pobreza extrema destas pessoas impressionaram-no e ficaram registadas no livro “Cristo parou em Eboli”, uma metáfora para dizer que a civilização parara na região anterior a Basilicata (Campania). Após o fim da guerra, o livro foi publicado e chamou a atenção dos políticos italianos, que meteram mãos à obra para criar planos de recuperação. Na década de 50, o primeiro-ministro da altura criou um plano de evacuação obrigatória para os habitantes, obrigando-os a mudar para as recém-construídas casas em redor de Matera, hoje a parte principal desta cidade com cerca de 58 mil habitantes. A mudança não foi fácil; apesar das condições mais confortáveis a que tinham acesso na parte nova (casa-de-banho, saneamento, água corrente, electricidade, etc.), a vertente social dos habitantes alterou-se radicalmente: os (pequenos) pátios comuns onde as crianças brincavam, as mulheres lavavam as roupas e os homens trabalhavam deixaram de existir, agora era cada família por si.



A evacuação durou até 1968. Matera tornou-se uma cidade-fantasma, até alguns antigos habitantes demonstrarem interesse em regressar. O governo era o dono oficial das casas-gruta, em troca de 30 anos sem renda nas casas na parte nova, mas deu a possibilidade dos seus antigos donos recuperarem as casas com uma participação de 50% a fundo perdido.
Actualmente, Matera antiga é cheia de vida, com 4 mil habitantes (a maioria comerciantes e donos de hotéis), espectáculos de Verão, noites de fogo-de-artifício, uma viagem confortável ao tempo troglodita entre ruas de pedra estreitas sob a luz da lua cheia. Na praça central, que separa a parte antiga da parte nova da cidade, os homens mais velhos juntam-se ao fim da tarde para conversar e observar os turistas (e são muitos). O filme "A paixão de Cristo" foi filmado nesta cidade e passear nas ruas dos Sassos lembra, de facto, tempos antigos. Do outro lado do vale deu-se a crucificação, sob as orientações de Mel Gibson.


Um dos hotéis de Matera no sasso Barisano


Do outro lado do vale deu-se a crucificação cinematográfica de Cristo


Nesta rua, Jesus passou com a cruz (versão cinematográfica)


Conversando na praça...

O fogo-de-artifício sob a luz de Matera

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Descer um rio...

... com rápidos não é tarefa fácil, mas lá que é divertido isso é! Mesmo que se fique gelada até aos ossos com a água fresquinha do rio Sesia, continuamos a remar, porque ou se rema ou o barco vira... e chegamos ao fim do trajecto a pedir para continuar, 2 horas de frio e adrenalina não chegam!!