Saí da festa a flutuar, com a tranquilidade de saber que não estou sozinha no que sinto e no que vivo. A vida tem-me sido generosa, de facto. Tenho uma vida emocionante rodeada de pessoas fantásticas, incluindo as que estão fisicamente longe. Com algumas delas partilhamos um bocadinho mais de nós mesmos e depois... vemo-las partir sem saber quando as vamos reencontrar, mas com a certeza de que quando isso acontecer será uma alegria imensa para ambos. Pensava nisto enquanto me dirigia para o carro à saída da festa de despedida do italiano mais "figo" que conheço (tradução: bonito e simpático). Como ele tantos outros se preparam para partir, e eu não estou assim tão longe. No carro ouço "I wish you were here" dos Pink Floyd e vens-me automaticamente à cabeça; penso em como te enganaste a ler-me, como percebeste mal a minha forma de reagir e como escapaste quando te sentiste confuso em vez de estares comigo e dar-nos a possibilidade de pensarmos juntos. Vou cantarolando a música e reparo que já não sinto tanto a tua falta. Não quero sentir, porque tenho pessoas a ir embora com quem quero aproveitar estes doces momentos sem sentir a tua sombra.
Nos últimos dias tenho-me dedicado a actualizar o meu CV e a descrever em detalhe as minhas tarefas, responsabilidades e as minhas maiores realizações. É um trabalho habitualmente aborrecido, mas tem-me ajudado a relembrar todas as coisas que fiz, que aprendi e que vivi nos últimos anos. Demasiada informação para um potencial empregador, mas uma dádiva de confiança e harmonia para mim. Sim, tenho algumas histórias giras para contar, cada uma delas gravada na minha personalidade e talentos (skills, melhor dizendo). Esta combinação de eventos - a celebração do fim de uma experiência temporária mas intensa e a chatice necessária da procura de emprego - acabaram por me fazer voltar a acreditar que tenho, e continuarei a ter, uma vida fantástica, mesmo sem ti.
Sem comentários:
Enviar um comentário