quinta-feira, 8 de março de 2012

Lisboa...

É bom voltar às coisas boas de Lisboa. Eu sei que também há coisas más mas hoje foquei-me nas coisas boas, o dia foi propício ao optimismo. Gosto das ruas cheias de gente, da diversidade de pessoas, do frenesim da cidade. Dos artistas de rua e dos vendedores ambulantes no Rossio. De entrar em 4 livrarias diferentes e encontrar em todas elas um livro novo. Da possibilidade de deixar o carro em casa e conseguir chegar ao sitio que quero de metro ou autocarro. Da Rua Augusta e do Chiado. Gosto da maravilhosa luz de Lisboa e de como os raios de sol espelham o rio Tejo.

Hoje também gostei da conversa casual com uma senhora que estava sentada à minha frente no autocarro. De improviso, esta senhora de 80 anos, com netos da minha idade, pergunta-me qualquer coisa. Uma senhora linda com rugas da idade a imprimirem serenidade. Conta-me da neta e dos dois bisnetos, da asbestose do marido que o fez reformar há 20 anos e da teimosia dele que quase a leva à loucura. "Não sei porque gosta tanto de me contrariar, não dá valor ao que eu faço por ele", diz ela. Nota-se uma certa mágoa na sua voz e no desviar do seu olhar. Respondo que não, pelo contrário, não creio que seja verdade, ele aprecia tanto o que ela faz mas não o consegue expressar, fruto da educação do seu tempo. "Nunca deixou que eu tirasse a carta, era machista...", e agora a senhora anda de autocarro ou de táxi porque o marido já não pode conduzir. "Eu também sou muito nervosa, acho que não conseguia guiar" e justifica-se com a história do pai que batia na mãe com ela a assistir, com apenas 3 anos de idade. "Fala-se hoje em violência doméstica mas não tem nada a ver com aquilo que a minha mãe passou, lembro-me de tudo".

20 minutos no autocarro e descubro uma vida. Cheia de histórias, de momentos de coragem e de aflição, de alegrias e experiências marcantes que se tornaram lições de vida. É bom estar em Lisboa.

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