Lisboa. O avião descola em direcção a Este. Sobrevoamos o
Parque das Nações, vigiado de perto pela Torre Vasco da Gama, numa elegância
altiva. Segundos depois, a asa direita desce e viramos para Sul, na direcção do
azul brilhante do Tejo. Subimos aos 3 mil metros, com Lisboa na retaguarda,
protegida por uma cúpula de nuvens. A cidade fica envolta numa misteriosa
neblina branca, com tufos de algodão-doce aninhados a 2 mil metros de altitude.
No mínimo bizarro, num dia tão luminoso como este. Do manto branco de Lisboa
surgem os meandros da Ponte Vasco da Gama, serpentando sobre o rio. Em frente,
por baixo do avião que ganha altitude, ergue-se um castelo de nuvens altas e
fofas, como um muro intransponível. Desta vez não precisamos de atravessar,
sobrevoamos.
Durante a viagem, enquanto rumamos para sul atravessando o
Trópico de Câncer, temos acesso a um pôr-do-sol diferente, com o astro redondo
invisível no meio das faixas de cores quentes estendidas no horizonte. Apetece
deixar-se ir naquele calor, estender-se nas nuvens e pairar sobre a terra. O
capitão informa que em Acra estão 28º e o coração continua a aquecer. Esta
sensação de deixar o frio do Inverno e chegar ao calor dos trópicos em apenas 6
horas de viagem, quando a geografia se sente na pele, é fabulosa!
Ir a África tem as suas vantagens. Aquece o coração e às vezes a alma :)
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