Não tanto pelo guarda-roupa fantástico, pelos cenários, pelo número de pessoas a dançar, pela música vibrante, nem pela cadência certeira dos gestos. A espectacularidade resulta da voz de um cego chinês a cantar José Cid ou uma paraplégica a maravilhar com a "Canção do Mar" num português perfeito. Resulta de uma rapariga surda a dançar como um pavão ao som da música. Resulta dos saltos e sorrisos de um rapaz sem braços, de um arco-íris de invisuais, de borboletas dançantes que ouvem com o coração. Resulta da capacidade de pessoas com deficiência mostrarem que limitados são aqueles que desperdiçam o que têm. E por alguma razão, hoje ando bem mais bem-disposta do que me tenho sentido nos últimos tempos.
Ao ler o que escreveste, lembrei-me de um poema de Joaquim Pessoa:
ResponderEliminarDecerto sabes. De certos sábios
se aprende mais, a não falar.
É tolo escrever versos com os lábios
quando se pode, apenas, respirar.
Desculpa, Índia. Com o sono, transcrevi mal. Assim é que está correcto:
ResponderEliminarDecerto sabes. De certos sábios
se aprende mais, talvez, a não falar.
É tolo escrever versos com os lábios
quando se pode, apenas, respirar.