terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Momentos Barcelonenses...

O primeiro jantar catalão com o Xavi

Na Sagrada Familia (voltaremos daqui a 20 anos)

Barcelona vista da janela
O descanso do guerreiro
A Casa Batló
E um pormenor do seu telhado (serão as costas do dragão?)
O Parque Guell

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A close attack

Last night several touristy and busy places in Mumbai, India, were attacked by a so-called Islamic and Pakistani group. Over 100 people died and many others were injured. When I first heard the news my heart shrank. I know people, very nice people in Mumbai, with whom I shared good (and bad) moments, with whom I ate chapattis, saffron rice, fish curry and banana chips and who wandered with me in the sidewalk next to the sea and held me close in those full as-no-one-else-can-fit trains.
I’ve seen how busy these places get and how many people roam in the streets at every hour of the day and night. I also saw the shiny faces and the dark, vivid eyes of Indian people, their gigantic and welcoming smiles and their struggle to survive everyday life. I know the places where the bombs exploded and the guns were fired… I walked in front of the Taj Mahal Hotel and I drank beer in Cafe Leopold. Some of the people I love in this world live there, in a frantic and amazing city that almost doubles the size of Portugal in number of inhabitants. That’s why the bombs felt so close… pieces of me are still there.

The Taj Mahal Hotel and the Gate of India seen from the Arabian sea (January 2007)


Sunset over Mumbai, seen from the Arabian sea near the Gate of India (January 2007)


In situations of unknown places being under attack, even though they don’t feel this close, I always think how idiots human beings can be by putting their resources at the service of suffering, destruction and death of innocent people. I always wonder if terrorists ever think of how they would feel if a bomb would fall on the heads of their beloved…

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Buscas no computador também se pagam

9h30 da manhã. Repartição de Finanças em Lisboa. Espero pela chamada do número que me calhou. Demora pouco e fico impressionada (será que os nossos serviços de finanças estão mais eficientes?) Peço uma declaração de IRS de 2007. O funcionário procura no computador se tenho dívidas para pagar, introduzindo o meu nº de contribuinte. Em menos de 2 minutos ele verifica que está tudo em ordem. Imprime uma folha e diz para me dirigir à secção de cobrança para pagar os quase 5 Euros que me custa a declaração. Enquanto espero que me chamem de novo, dou uma vista de olhos pelo papel das contas e descubro a distribuição dos emolumentos:
Verba n.º1 - Buscas - quant.1 - 1,92 Euros
Verba n.º5 - Certidões ou fotocópias - quant. 1 - 1,92 Euros
Reembolso:
Fotocópias - quant. 1 - 0,48 Euros

A busca no computador (menos de 2 minutos) também me saiu do bolso... e esta, hein?

domingo, 26 de outubro de 2008

"My dream" - um verdadeiro espectáculo!


Não tanto pelo guarda-roupa fantástico, pelos cenários, pelo número de pessoas a dançar, pela música vibrante, nem pela cadência certeira dos gestos. A espectacularidade resulta da voz de um cego chinês a cantar José Cid ou uma paraplégica a maravilhar com a "Canção do Mar" num português perfeito. Resulta de uma rapariga surda a dançar como um pavão ao som da música. Resulta dos saltos e sorrisos de um rapaz sem braços, de um arco-íris de invisuais, de borboletas dançantes que ouvem com o coração. Resulta da capacidade de pessoas com deficiência mostrarem que limitados são aqueles que desperdiçam o que têm. E por alguma razão, hoje ando bem mais bem-disposta do que me tenho sentido nos últimos tempos.



India on the moon?

On 22nd October, India sent a satellite (“Chandrayaan 1”) to orbit the moon for the next 2 years. This launch cost 50 million dollares. India is showing to the world its desire and abilities to conquer a place in the universe.

Meanwhile, half the population of India - some 500 million people - are living with less than 55 ruppees a day, which in Euro accounts for about 90 cents in today's conversion rate.

Should we try to conquer outerspace while we can't deal with Earth's own problems?


Mumbai's outskirts, December 2006


Moodbidri, December 2006

Andar de metro… em Tóquio!

Na primeira vez que pus os olhos no mapa do metro de Tóquio, fiquei aturdida com a quantidade de linhas e estações escritas com nomes desconhecidos. Pensei que iria ser um grande desafio andar naquela rede sem me perder. Enganei-me. Os japoneses são tão organizados e eficientes que é quase mais fácil para um estrangeiro andar no gigantesco metro em Tóquio do que nas 4 linhas de Lisboa. Em Tóquio, as estações estão identificadas pela cor da linha, pela primeira letra do nome da linha, pelo número respectivo, com nome em japonês e tradução fonética para inglês. Em cada estação, há um placar que explica qual a carruagem em que devemos entrar para depois sair mais próximo do local que queremos (pena que seja só em japonês). É um nível superior de organização e eficiência a que eu não estou habituada.
As entradas nas carruagens são extremamente ordeiras, a prioridade é para os que saem. Não vi os famosos “empurradores de passageiros profissionais”, talvez porque consegui evitar a maior hora de ponta. Os telemóveis 3G são o brinquedo preferido dos jovens japoneses, que têm estilos muito particulares tanto em roupa como no penteado.

Em Lisboa, as entradas e saídas também funcionam assim, os passageiros que saem passam primeiro, salvo algumas excepções devido a utentes apressados. Há meia dúzia de anos, na primeira vez que me mudei para Lisboa, as entradas e saídas no metro eram bem mais desalinhadas, mas nada que se compare aos comboios em Bombaim. Mas isso é outra história, que deixo para outro post…

Placar que mostra quanto custa a viagem entre as várias estações (eficiência no seu melhor)

A estação mais luminosa e bonita onde estive
Nome da estação actual, da anterior e da seguinte... just in case we get lost
Pontualidade como uma virtude, mesmo no sistema de metro

domingo, 19 de outubro de 2008

Curiosidades japonesas

Sabiam que…



… os japoneses escrevem tradicionalmente de cima para baixo e da direita para a esquerda? Por isso, os livros folheiam-se ao contrário.
… os japoneses conduzem do lado esquerdo, como os ingleses? E que nas escadas rolantes também ultrapassamos pela direita?
… os japoneses são dos maiores consumidores de atum do mundo?
… o sashimi é uma espécie de sushi sem arroz?
… a refeição tradicional é composta por nove pratos diferentes?
… uma parte dos caracteres japoneses derivam do alfabeto chinês (Kanji – caracteres com significado associado) e a outra parte foi criada pelos japoneses (Kana – apenas fonético)?
… os portugueses chegaram ao Japão no século XVI?
… a palavra “arigato” deriva do nosso “obrigado”?
… “O romance do Genji” é um épico japonês do séc. XI que está desde Fevereiro deste ano à venda em Portugal?
… o chá verde (Ocha) bebe-se a todas as horas do dia em todas as ocasiões?
… os estrangeiros são conhecidos no Japão por serem narigudos? (é um facto que os narizes japoneses são bem pequeninos)
… pinheiros mansos são podados para parecerem bonsais gigantes?
… os chapéus-de-chuva são a mais usada protecção contra o sol?
... foi construída uma réplica da Torre Eiffel no centro de Tóquio há 50 anos atrás?
... uma refeição rápida num kappo custa cerca de 6 euros (Tóquio já não é assim tão caro)?
... não se vê, em lado nenhum na grande cidade de Tóquio, lixo no chão?
... em cada esquina há uma máquina para comprar bebidas (incluindo café e chá em pacote ou lata)?
... o almoço pode ser uma caixa "bento"?
... a bicicleta é um meio de transporte muito utilizado (mas não há ciclovias e os peões podem ser atropelados)?

O Japão foi uma bela surpresa :)


quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A vida move-se por ventos imprevisíveis...

... já dizia Luís Sepúlveda. E com razão. Há 3 anos atrás, a minha amiga Louise, uma chinesa com fascínio pelo Japão, enviou-me a série dos Friends com legendas em japonês, lembrando-me do pacto que fizemos de um dia lá ir. Quem diria que seria tão rápido? Quem diria que eu aprenderia a dizer "arigato gozaimas" (muito obrigado) tão cedo? Quem diria que os "chopsticks" seriam os meus únicos talheres durante uma semana - e sem nunca precisar de comer à mão? Quem diria que a gigantesca rede de metro de Tóquio seria mais fácil de utilizar do que a minúscula rede de Lisboa? Quem diria que as ruas de Tóquio seriam tão limpas sem se verem caixotes do lixo durante quilómetros? Quem diria que o sushi podia ser tão bom? Quem diria que eu iria gostar de aguardente (de arroz - saké)?

Eu agora posso dizer tudo isto e muito mais...





sábado, 20 de setembro de 2008

Se estás a ler este post...

... significa que eu estou numa cidade de 27 milhões de habitantes, no país do sol nascente, a comer sashimi, a ver combates de sumo e a vestir-me à gueisha, nos intervalos de um congresso internacional.

Tóquio, aqui vou eu!


sexta-feira, 12 de setembro de 2008

:)

S: "Então, o que queres ser quando fores grande?"
C: "Quando for grande quero ser assim como tu..."
S: (sem palavras)

Não sei porque às vezes me desvalorizo tanto...

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Humanos quadrúpedes (The Family That Walks On All Fours)

No canal Odisseia de hoje, vi parte de um documentário impressionante; numa região remota do sul da Turquia, vive uma família de 19 pessoas - a família Ulas - a qual tem 5 membros que andam com as mãos e os pés assentes no chão, não conseguindo movimentar-se na posição bípede. Especularam-se diversas hipóteses, relacionadas essencialmente com disfunções genéticas, problemas cerebrais, retrocesso evolutivo, etc. Concerteza que o corpo destas pessoas sofreu alterações ao longo das suas vidas (algumas bastante longas) e pensa-se que está relacionado com a forma de gatinhar (há bebés que gatinham com as pernas esticadas em vez de andar de joelhos, sendo essa a posição que, já adultos, os 5 elementos assumiam). Mas houve uma opinião específica que me interessou, a qual interliga a genética (enquanto molde de tendências de comportamento) com a cultura (enquanto influência determinante na assumpção dessas tendências). Quando andavam a filmar o documentário, os autores tiveram o exército à perna, porque os turcos não queriam que as imagens captadas levassem as outras populações a considerá-los como animais. A Teoria Evolucionista de Darwin não é aceite numa cultura muçulmana devota como a deles. Descender dos primatas está fora de questão. Também por isso, por não quererem ser vistos, por pertencerem a uma cultura/religião fechada, quando as crianças não deixaram de gatinhar na altura que deviam, não foram tratadas e encaminhadas para o bipedismo. E ao fim e ao cabo, bastou arranjar um andarilho e umas barras de ferro para eles começarem a treinar e a andar erectos, com as dificuldades inerentes à sua condição de "quadrúpedes" durante muito tempo. Uma solução aparentemente tão simples escondida por detrás da cortina de ferro da religião e da cultura.

Aprender a ler com portáteis...

A notícia não é nova; o governo está empenhado em revolucionar a educação em Portugal através da oferta ou venda a baixo preço de computadores para estudantes. O objectivo é um computador por cada 2 alunos no 3º ciclo e secundário. Hoje li uma notícia que falava em 500 mil portáteis para as escolas primárias. Estas notícias correm lado a lado com as outras que falam de 40 mil professores desempregados, de falta de condições nas escolas, de insegurança, do custo do material escolar... e de outras menos divulgadas sobre famílias disfuncionais, necessidades educativas especiais, pobreza envergonhada...
No início de cada ano lectivo, penso nas consequências nefastas desta troca de prioridades... e assusto-me. Estamos a começar a "casa pelo telhado"; antes de aprenderem a ler e escrever correctamente, as crianças recebem portáteis; antes de saberem como se comportar numa sala de aula, os adolescentes recebem portáteis; antes de terem as suas necessidades mais básicas satisfeitas, os estudantes recebem portáteis.
Não sou contra as novas tecnologias, estou neste momento a utilizar o meu portátil para escrever. Gosto da internet, ainda bem que existe, mas são meios para atingir um fim. Cada coisa a seu tempo. Não começamos a andar de bicicleta antes de aprender a andar.
Há 4 anos atrás, na escola onde dei aulas, numa terra profícua em famílias pobres, com empregos precários, muitas das crianças comiam apenas na escola; quem tinha subsídio a 100% tinha direito a 3 refeições (pequeno-almoço, almoço e lanche). Nos períodos de férias, algumas dessas crianças iam para a fila da cantina, que estava fechada, na esperança de terem comida... Quem, com imensas dificuldades económicas, mas devido a algum erro burocrático não tinha direito a subsídio, passava fome. Literalmente. Um iogurte por dia, apenas. Dias a fio.
Enquanto houver fome nas escolas portuguesas, os portáteis são dispensáveis. Enquanto não houver a noção de respeito pelos outros, os portáteis não ensinam nada. Enquanto não aceitarmos que a educação é a solução para muitos problemas, o investimento será dedicado à tecnologia... para comprar portáteis.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Tumor no cérebro… ou talvez não

Uma menina timorense de 10 anos foi operada para remover um tumor no cérebro na passada segunda-feira (25 de Agosto), no Hospital de São João do Porto. Felizmente, tudo parece estar a correr bem e a recuperação excede as expectativas. Mas não é propriamente sobre esta menina timorense que eu quero escrever, apesar de ficar muito satisfeita com a notícia. Há outras histórias como esta em Portugal, uma das quais eu fiquei a saber em primeira mão.
No ano lectivo de 2003/2004, dei aulas ao ensino básico em Peniche. Numa das minhas turmas do 8º ano, havia uma aluna muito especial; tinha dificuldades de aprendizagem devido a problemas sérios de visão e perturbações nas funções motoras. Estas dificuldades foram o resultado de um tumor no cérebro, extraído quando ela tinha 8 anos, mas que lhe deixou algumas mazelas. Para ela, os testes tinham objectivos diferentes (chamados objectivos mínimos), os documentos distribuídos eram apresentados em A3, entre outras condições que nós, professores, e a escola tínhamos a obrigação de lhe providenciar (e muito bem). Mas o mais impressionante era mesmo o esforço que ela fazia para acompanhar as aulas, para aprender. E foi com grande orgulho que, num teste que ela fez muito semelhante ao dos colegas, lhe dei nota positiva com todo o mérito. É claro que aproveitei a ocasião para “dar nas orelhas” aos alunos preguiçosos da turma e utilizei esta oportunidade para elogiar a enorme capacidade de sucesso de quem tem, à partida, mais dificuldades, mas também uma grande força de vontade. Lembro-me do brilho dos olhos dela e do sorriso radioso com que ela presenteou toda a turma. Tenho a certeza que esta aluna muito especial vai ser bem sucedida!

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Peixe? Nunca mais…

Estou a ler um livro muito interessante. Chama-se “O Homem, a Orquídea e o Polvo” e narra a vida e as ideias de Jacques Cousteau, um explorador cujos documentários acompanharam a minha juventude. Numa das passagens do livro, sobre a pesca a nível mundial e o saque aos recursos do mar, revi a minha cara de espanto de há 5 anos atrás, quando estava de férias na Indonésia com alguns amigos, incluindo nativos, e onde me apercebi de (mais) uma realidade dolorosa.
No livro fala-se em estatísticas: “O peixe garante mais de 50% das proteínas animais dos povos do Chade, da Costa do Marfim, da Jamaica, da República da Coreia, da Malásia, do Mali, do Senegal e do Uganda; no Congo, no Vietname e na Indonésia as pessoas estão dependentes do peixe para obter, pelo menos, 60% do seu consumo de proteínas de origem animal (…) o peixe garante-lhes uma percentagem muito grande de proteína não porque tenham à sua disposição muito peixe para comerem, mas porque não têm mais nada para comer.”
Na viagem que fizemos pelas ilhas indonésias nós, europeus, queríamos experimentar todas as iguarias e os sabores exóticos que as acompanham. Um dos nossos amigos indonésios comia diferente cada vez que a refeição incluía peixe. Perguntámos-lhe se ele não gostava de peixe, de qualquer um, e ele respondeu que não comia peixe porque peixe era a única coisa que o pai lhes podia dar para comer, a ele e à restante família, quando eram pobres. Foi uma infância e uma adolescência a comer (só) peixe. Ele não conseguia comer mais peixe, agora que tinha a possibilidade de comer outras coisas. A minha cara de espanto formou-se nesta altura, quando me apercebi de uma das injustiças do mundo - o não poder escolher o que comer - e do quão privilegiada eu sempre fui.

Portuguese man of war found at Peniche beach

One of the first news of the day was the appearance and supposed attack of a blue bottle, a kind of jellyfish, over 2 children, at Peniche, a beach located in central Portugal. The blue bottle (Physalia physalis) is also known as Portuguese man of war (Caravela Portuguesa), due to the shape similarities with the triangular sails of this ship. It is called blue bottle because it is coloured with a translucent blue.
It is strange that it appears around here. Peniche's seawater is not particularly warm to attract these marine invertebrates. One of the lifeguards of the area said it was the fifth he found in the last 2 years… Something is changing, it seems.
The first time I saw a blue bottle was at Wollongong city beach, in February 2005. Me and my English friend wanted to have a swim after work; it was 4 pm when we arrived at the beach and when we got there, hundreds of blue bottles were laying on the sand, breathing slowly and waiting for the tide to rise again and take them back to the ocean. It was a scary scenario… but we went for a swim anyway, thinking that, since many blue bottles were on the sand, less would be in the ocean. It was a 3 minutes swim… the risk of being stung haunted us.
In the following months, I had other encounters with blue bottles, the funniest one when I went for a swim at 7 am on the natural pool; the tide was high and a couple of blue bottles decided to cross over the stone wall of the pool (which separated it from the sea) to swim with me… but I just ran off. Sorry mates, you’re just too dangerous.

http://en.wikipedia.org/wiki/Portuguese_Man_o'_War

Momentos na Galé

O nosso estaminé...

A praia privada...

Os viciados...


O frio ao pôr-do-sol...

Este pôr-do-sol...

O regresso por Tróia...

E as gargalhadas, o hamburguer à ceia, o cansaço, as ondas que dificultavam a entrada no mar, os pic-nics, a camaradagem, o espírito de grupo. Nós...

terça-feira, 19 de agosto de 2008

"Helper of Humanity"

Em grego, o meu nome significa “ajudante da humanidade”. Se calhar a escolha do meu nome não foi por acaso. Aprendi a gostar dele, mesmo sendo muito pouco original. Este nome estava destinado à rapariga que devia ter sido o meu irmão mais velho, não tivesse ele enganado a minha mãe e saído um rapaz. Quando chegou a minha vez, a minha mãe pensava que eu seria igualmente um rapaz, como se fosse um castigo por não ter tido a menina primeiro, não teria nenhuma. Outro engano. Apareci eu, no Dia das Mentiras. Mas um nome diferente para menina ficou por escolher e acabei por ser registada com o “Sandra Isabel” que pertencia ao meu irmão, graças ao meu pai que me registou antes da minha mãe sair do hospital e antes dela ter tempo e paciência para escolher outro nome.
Finda a aventura do meu nome, começa a saga da minha vida. Será que estou destinada a fazer algo que ajude a humanidade?

This is the meaning of my name in Greek. Am I destined to do something that helps mankind? Just a thought, now that I'm on holidays and I have nothing better to do...

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A primeira janela para o mundo

Há alguns dias atrás recebi uma mensagem de uma amiga que ia a caminho da Holanda, que ela designou de forma certeira como a nossa “primeira janela para o mundo”. A Holanda foi o primeiro país estrangeiro que realmente conheci e onde a semente de exploradora/viajante começou a germinar.
Aos 16 anos, participei no Jamboree Mundial para pioneiros, realizado em Dronten, Flevoland. Mas esta aventura de duas semanas não conta porque estávamos num “país” à parte, criado para nós, escuteiros de todo o mundo. Do país Holanda propriamente dito lembro-me de muito pouco dessa altura (lembro-me sim da cerimónia de abertura, do pórtico de caravela que construímos, do slide sobre o rio, do meu namorado americano e do urso de peluche que ele me ofereceu, baptizado de Pedro por uma colega da Costa Rica, dos fogo-conselho internacionais, do hino “I’m from the future” que ressoou nas nossas guitarras e vozes durante os anos seguintes e da choradeira em frente ao autocarro na hora de regressar).
Conheci bem melhor o país Holanda durante os 7 meses que lá vivi enquanto estudante Erasmus. No dia em que eu e a minha amiga lá chegámos sentimos desde a excitação ao desespero. Era final de Agosto do ano 2000 e estava um calor abrasador em Portugal; em Utrecht, a cidade para onde nos mudámos, também estava calor; fomos directamente para os serviços internacionais onde a minha amiga tinha que ir buscar a chave do seu quarto, mas mandaram-nos aos correios para pagar a renda primeiro. Deixámos as bagagens nos serviços e seguimos para os correios onde tratámos do pagamento, mas a nossa (má) orientação no caminho de regresso levou-nos pelo caminho mais longo e quando finalmente chegámos de novo aos serviços, depois de uma molha descomunal – o calor transformou-se em chuva - e de passarmos em frente ao edifício em U invertido que a minha amiga achou horrível, afirmando convictamente que não gostaria de morar ali, “batemos com o nariz na porta”, com as nossas bagagens e a chave de casa da minha amiga fechadas lá dentro. Estávamos num país estranho, perdidas, sem bagagens e sem casa.
Ahhhhhhhhh! Desespero!
Pensámos em telefonar para o 112, mas não iria resolver nada. Pensámos em dormir numa pensão, mas os florins eram poucos (ainda não tínhamos o Euro). De repente lembrei-me que tinha o contacto da casa que eu iria partilhar com holandeses… e ligámos. Do outro lado da linha, depois de eu me apresentar no meu inglês enferrujado, responde-me uma voz: “Pode falar português, eu percebo, minha mãe é brasileira”. A salvação desceu do céu em sotaque brasileiro, juntamente com as indicações para chegar à minha casa, toalhas e roupa de cama emprestadas e um sorriso que nos encheu de esperança. A aventura tinha acabado de começar.

Foi aí que aprendi a apreciar as coincidências. Foi aí que aprendi que todas as peripécias nos ajudam a crescer e a resolver problemas, no momento ou no futuro. A primeira janela para o mundo tinha acabado de se abrir, depois do esforço inicial...

Ah, é verdade; no dia seguinte, depois de recuperarmos as bagagens, seguimos para a casa da minha amiga, a horrorosa casa em U invertido que tínhamos avistado no dia anterior… Acabou por ser um óptimo abrigo e um bom local para festas temáticas. Cambridgelaan 241 foi um verdadeiro sucesso.

Obrigada Bernardete, por todas estas aventuras que temos partilhado!

domingo, 10 de agosto de 2008

"E se um nativo de Salamonde te oferecer uma rosa?" E outras aventuras no Gerês

O Gerês é conhecido pelas cascatas, pelas barragens, pelos lobos, pela vegetação frondosa e por ser a única área protegida com estatuto de Parque Nacional no país. Após um fim-de-semana com os bolseiros (e companhia) do CEG UL, o Gerês passou também a ser:

a aldeia de Zebral e as aldeias nas rechãs;
os saltitões Kiko e Spot e as histórias do avô ao Domingo de manhã;
as águas reluzentes e os retalhos verdes nas montanhas;

a libelinha azul, os garranos, as vacas Barrosã e o lagarto fotogénico da Pedra Bela;




o pó dos caminhos de terra batida, o pedregulho no meio da estrada e a tentativa frustrada de o remover;



a cama macia das raparigas e o chão do sótão (e o ressonar) dos rapazes;
as canoas na Caniçada e as aventuras nas bóias;
as salsichas picantes, o almoço-pizza das 16h, o bolo de chocolate, o gelado de Oreo e a deliciosa lasanha sem carne;



as guitarradas nocturnas, o som aborígene do didgeridoo e a sala transformada em discoteca;



as lições de salsa, merengue e funaná ao ritmo da paixão da Cris;
a caipirinha antes de jantar e as minis até o sol nascer;
a Ana Malhoa que não vimos, o baile roqueiro, a “ave depenada” no meio do palco e a “Sóninha” do Mértola;

uma rosa oferecida por um nativo de Salamonde;

a água gelada a cair sobre os ombros e o almoço à beira-rio;
a vista do topo das antenas e o espreguiçar no tejadilho;
o jogo do gratinado, a fila para o duche e os atrasos sem discórdias;
o cheiro a menta e as plantas invasoras;

os sorrisos, a camaradagem, a descoberta dos outros e a liberdade de sermos nós.

Obrigada a todos!







Bolseiros e companhia no Gerês